Salve traça!
Hoje um velhinho desiludido interpreta o drama de sua vida somente para homenagear o poeta Alexandre Malosti.
Epitáfio da verdade.
Foram anos para se erigir a verdade. E isso tem a ver com abrir
e fechar dos olhos; a verdade não é sombra. A arquitetura da certeza é uma
empresa a que me dediquei por anos. Hoje, do alto de minhas idéias torturadas,
vejo que séculos ruem em segundos. Há sorriso que valha? Subi nas alturas de
minha experiência, coroando cada segundo, cada ano, cada tombo e cada fracasso
como um aprendizado; cadáveres empilhados, degraus de uma subida, lenta e
incessante.
Manhãs e manhãs, noites e noites, e oceanos que não se
tornaram mar. Minha vida passou, conquistei tudo para perceber que conquista é
sorriso de máscara alheia.
A verdade ruiu. Seriam erros na fundação? Erro? Talvez o
erro seja crer que no erro há semente do acerto, que na repetição há gérmen de
perfeição, que a velhice seja um trono de sabedoria.
Não são os anos passados as jóias de minha coroa opulenta?
Não são os tijolos de minha parede diplomas que me certificam? Cala! Cala que
há opiniões enterradas em sua pobreza.
Divago em letras e palavras...Como rebuscar este epitáfio?
Um túmulo de mármore calado: isso É a verdade.
Créditos: Painel da história, Estampa Forjada, presente na coletânea Mundo pet, de Lourenço Muttareli.
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