Salve traça!
Estou preparando novidades para a Estante velha, em breve as traças virtuais poderão desfrutar de páginas amarelas que repousam em estantes físicas.
Quanto ao zine Números, que alguns me questionaram, o conto do número 5 já está pronto, mas como os equipamentos eletrônicos declararam guerra contra minha pessoa, estou sem um computador para editá-lo, mas sai...dia desses.
Quanto ao zine Números, que alguns me questionaram, o conto do número 5 já está pronto, mas como os equipamentos eletrônicos declararam guerra contra minha pessoa, estou sem um computador para editá-lo, mas sai...dia desses.
Enfim, sem mais enrolação, mantendo a periodicidade semanal; uma brevidade:
Atos noturnos
ou
A fé no príncipe encantado.
I
Meu Deus, me ajude, estou ficando
louca! Isso! Isso!
Ele a olha, rindo de dentro de
seu rosto; como poderiam ser tão escravos? Mantém-se duro e distante, tenta compreender
o que faz ali. Ele sabe o que faz ali. O quarto de hotel barato, a mulher, as
noites de sempre; uma vez mais. Ele se vê no espelho, um olhar frio de atrás do
espelho lhe responde: por quê? A
pergunta sai mansa, desliza pelo cérebro e agita todo o corpo, frio. Cabelos
loiros, talvez bela, ele não lembra do rosto dela. A bunda parece de criança,
talvez seja.
Jesus! Não para! Não para! Você
está me matando!
Seja dor ou prazer, em momentos
inexplicáveis, por que sempre clamamos ao sobrenatural? Jesus, quando fora a
última vez que escutou essa palavra? A bunda se retorce cada vez mais, o ritmo
dos corpos é frenético, mas ele está descolado de seu próprio corpo, observa de
longe aqueles animais ensandecidos, fazendo o que a natureza exige; exige?
Demanda de servos impotentes.
Vou gozar! Estou gozando em você!
Te molhando todinho.
A pele das nádegas dela se
comprime, um tremer rápido marca o ápice. Ela se vira, o abraça forte e o beija
com os dentes. Eles se olham diretamente, ele procura algo naquelas duas
jabuticabas, vê somente um reflexo, uma estátua de mármore. Ela percebe o
membro ainda engajado, inicia então beijos localizados. Ele a olha de cima,
novamente. Lembra-se do pai lhe batendo com o cinto de couro, não sente.
II
Sabe amiga, é meio complicado de explicar. Mas sinto que ele me olha como se quisesse me
despir das roupas, da pele, de tudo. Sabe, como se ele estivesse pirando, cheio
de vontade de descobrir quem eu sou de verdade, o que sou por dentro. Ele não é
como os outros, há algo de diferente nele, algo muito especial.
Sim, com certeza amiga, e esse algo se chama paixão. Acho que você está apaixonada...
Você acha? Eu tenho certeza, nunca
senti algo assim, algo como uma comunhão. Não sei explicar, só sei que é muito bom...
E quando vão se ver novamente?
III
A noite está quente, ele percebe
pelo suor que desce de seu rosto. Um copo de água sem gelo, por favor. O garçom
ri, ele fica intrigado, mas não tem porque perguntar a razão do riso. Fumaça de
cigarro e música alta, é noite de sexta e todos são felizes; evidentemente. Ao
longe, uma bunda rebola ao som de um som qualquer, redonda, demarcando perfeitamente a calça apertada,
uma pele artificial que anseia ser retirada; sem pudores. Vai acontecer
novamente, ele sabe disso. Repetir o mesmo ato e esperar resultados diferentes, loucura? Ele
considera religiosamente o caos, e então se encaminha. Sussurra no ouvido
daquela cabeça que sustenta cabelos loiros, ela se vira, encaram-se, ele veste
a fantasia de conquistador, exala confiança. Diga-me seu nome.
Silêncio.
Um tapa.
Ela corre para o banheiro.
Lágrimas saltam na privada.
Ele volta para o balcão. Um copo
de água, gelada por favor. Uma palavra resvala em sua cabeça, desconhece a razão: estereótipo.
Créditos: Primeira imagem, painel pertencente ao álbum Transubstanciação de Lourenço Mutarelli (Faça o download aqui)
Segunda imagem, página de Jose Muñoz.
4 comentários:
Muito bom.
São os seres que vagam de noite procurando a luz do dia... ou o príncipe encantado... ou a beata... mas nunca se interessão por esse tipo. Parabens.
Wagner.
Salve Wagner!
Fico feliz que tenha gostado, esses "seres" da noite podem não ser os mais belos, mas são sempre intrigantes!
Um abraço.
LOCO MANO, CONFRME DITO AÍ EMCIMA, É O POVO DA NOITE QUE ENTENDE DA VIDA!
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