Uma carta



            Pequena carta inverossímil.


Sejamos simples, a troca de flores por armas há tempos deixou de ser desejada, não houve um segundo de hesitação, os dedos seguiram o desígnio do cérebro, uma vez tencionados, disparam e dispararam e dispararam, fuzilando assim...Não foi por amor o assassinato da flor.
 Sejamos diretos, deixamos os morangos mofar e o céu explodir. Sangue deveria ter jorrado de todos nós quando assistimos a morte de nosso futuro, não tivemos tempo para chorar, porém agora nos faltam lágrimas. Nossa covardia foi viver para lutar novamente, viver para perceber que quem se postava, olhos a encarar o batalhão, era a luta em si. Caixões e enterros, cemitérios e lápides; nada, o sepulcro foi feito no coração de nosso tempo. Passado, acabado.
Serei honesto, cruel, redundante, não sou um derrotado, nada perdi, a Utopia que se perdeu.
Um ultimo sopro de motivação você me pediu, infelizmente só posso te oferecer isso: a lembrança.


               (Cena de Watchmen.)

Poesia?


Segundo um homem, que foi pago para tentar me ensinar, é fácil notar uma poesia que esteja inserida no paradigma da modernidade:
"Você leu; não entendeu: é moderno!"
Oras, ainda não cheguei nesse nível, (espero que não chegue!) mas estou na beiradinha. :)



Cancêr...
Câncer,
câncer,
câncer.
Câncer!
Uma doença.
Um medo.
Uma palavra


Câncer,
câncer
câncer
câncer
Câncer...
Uma pedra no espelho.
Um atentado contra ordem.
Uma revolução.


Câncer?
Câncer
câncer
câncer
câncer!
Vida!
Vida em demasia!
Orgia celular!


(Questão: Sou o corpo ou o câncer?)
Câncer!
Câncer...
Câncer,
Câncer;
Câncer.
Choro?
Rio?
-
Deixa disso,
melhor é contemplar o Cruzeiro do Sul.






Entrevista com um escritor de abas.

Trecho retirado da entrevista concedida por um autor, cujo nome não mencionarei, para revista “Causos do Jeca” de outubro de 2009.

CJ : Como um grande escritor de abas de livros, de que maneira o senhor definiria a arte de resumir um livro em um espaço tão pequeno?
Escritor de abas: Gosto de ilustrar minha tarefa com a seguinte imagem.(Espero que já tenha visitado o Rio de Janeiro). Imagine-se no alto do corcovado, aos pés do Cristo Redentor, umas das maravilhas do mundo moderno. Para mim, toda vez que escrevo a aba para uma grande obra, sinto-me como esse Cristo de concreto, uma dispensável criação frente a uma infinita beleza. Algo como se eu, mera insignificância mortal, ousasse postar-me de braços abertos frente à natureza, desafiando sua beleza natural com minha simples presença demasiada impura, humana. Oras, todos os que já subiram aos pés daquele monumento e realmente sentiram por todo o corpo, como uma miragem, a beleza daquela paisagem, compreendem que aquele horrendo esforço de terra, pedra e cimento, humanamente imperfeito, inverso ao encanto da imensidão natural, não passa de um chamariz. É óbvio, para mim, que ele, o Cristo Redentor, não se coloca de braços abertos como um alguém a dar as boas vindas, a esperar por um abraço. Ele esta lá crucificado, a exibir a sua pequenez frente a grande obra.
Senti-me especialmente assim ao escrever as abas de Guerra e Paz, de Leon Tolstoi. Fui obrigado a registrar para a posteridade a minha insignificância, minhas palavras estão lá, crucificadas. Embora meu trabalho seja de um anonimato que pode ser entendido tolamente como confortante, a mim, não há o desconhecimento do autor daquelas palavras desnecessárias. Cada aba para mim é um novo sacrifício. Considero-me um masoquista, afinal, gosto do que faço, pois no fundo a um certo tipo de coragem entrincheirada nas linhas que abraçam as letras de uma grande obra.




Poesia?

Alguns malucos resolveram contemplar esta poesia como a ganhadora do: "I concurso de poesia da Faculdade Anhanguera", bah...lógico que eu gostei de ter ganho, MAS, gosto mesmo só da ultima estrofe, de resto...:>

Palavreado

Perdi a mãe, o pai, o amor, a vida.
Perdi a noite, o sono, o sonho.
Perdi a mim, ganhei a bebida!
E ainda assim, há de nascer o Sol!

Perdi o passo, o caminho, a direção.
Perdi o sorriso, a alegria, o encanto.
Perdi a força para viver na contramão.
E ainda assim, há de nascer o Sol!

O raiar de um novo dia, um filho a nascer, um fruto a cair.
No entanto, sou mãe seca, árvore estéril.
Quisera um fruto, um filho, um raiar do Sol.
Nascerá o Sol?

Quisera não escrever incompreensíveis palavras.
Mas sim, palpáveis sentimentos.
Quisera moldar o sentir, não o pensar.
Quisera que o Sol não nascesse amanhã!

Trecho do novo livro.

Como alguns pediram, vou postar um trechinho do meu novo livro, ainda sem nome.
Nem tudo pode parecer lógico, mas isso é lógico, afinal é só um trechinho, no livro tudo se explica....teoricamente....
Boa sorte!




Mais uma inocente conversa de bar

Não há heroísmo em suas cicatrizes, tua dor provém do desejo por uma vitória que nunca será alcançada e, portanto, nunca deveria ter sido almejada. Pode o tolo cão desejar o papel de homem? Eu disse que te amava? O que te faz pensar que minha mão não será firme e potente frente a teu levante impróprio?

Devo eu crer, que o silêncio é a mais certa resposta frente à escravidão que me submete? Supostamente é meu dever aceitar os grilhões que foram impostos no longínquo passado a meus irmãos? O sangue que em mim corre, clama por insurgência! Respondo-lhe nos mesmos termos que me questionaste. Eu disse que te amava?

Podes tua voz ressoar alta em tantos corações felizes com o pão de cada dia? Diga-me, espera que teus clamores sejam compreendidos, por aqueles que não sentem a ferida ainda ardente? Aqueles cuja necessidade arde, talvez o escutem, mas de que valem os miseráveis? Tuas insólitas idéias à incompreensão estão fadadas, tua revolução como loucura será conhecida, teu clamor somente a seu sangue pertence. O sorriso que se mostra em minha face, não condiz com a tristeza que sinto em vê-lo tomar esta estrada rumo decadência.A solidão o acompanhará, através de sua vida somente a decepção o olhará nos olhos.

Que a solidão então me acompanhe! Se a única maneira de encarar meu reflexo com a dignidade que tal ato exige é tomar este árduo caminho que predizes, tenha certeza e não fé, jogo-me com toda a felicidade neste rumo sem volta. Tuas maldições não se cumprirão, pois a vida que habita meu ser neste instante é a prova da imortalidade de meus pais e de todos que antes aqui pisaram, logo, não temo a morte, meu inimigo é a inércia, o conformismo. Minha voz não carece de ouvidos, e mesmo que chegue o tempo em que minha boca não consiga proferir os verbos que desejo, minhas letras cumprirão com meus anseios. Sei que não sou o primeiro a me levantar, e posso lhe garantir não serei o ultimo!

Pensas haver igualdade em meio a tantas diferentes mentes? Olhe-se! Faça algo por ti, não deposites seu poder em outras mãos, o desapontamento será grande, assim como representas a beleza e a pureza, encontrará outras representações antônimas a ti, justamente no local onde depositas suas esperanças.

A água que cai dos céus, pode alimentar uma árvore, um animal, talvez ela se junte a um rio, ao mar, infalivelmente ela retornará aos céus, esta é sua única certeza. Ela desconhece seu caminho, mas tem certeza de seu destino. Meu fim é garantido, eu não o temo. Sei o que tenho de fazer, sou água revolta, tempestuosa, nunca me acalmarei em um lago tranqüilo esperando pelo tenro toque do Sol, aguardando pelo retorno aos céus.

Os extremos sempre são surpreendentes, a tolice, assim como a sabedoria, ainda me fazem sorrir. Há tanta beleza em suas palavras, tanta certeza, tão pouco sentido. Filho não tome este rumo, pensas que teus olhos enxergam adiante, no entanto esta mão acolhedora que se posta a sua frente, eles não são capazes de notar.
Eu vejo esta mão estendida, mas chamo-a de escravidão e nunca ousarei aceitá-la. Garanto-lhe há de chegar o dia em que sua mão por ninguém mais será aceita!

A mão que afaga é a mesma que pune, mas limito-me a dizer-lhe: nunca necessitarei puni-lo. Tua dor será causada por teus irmãos, teu peito será aberto por aqueles em que você empenhará sua vida.
Pois que ele seja rasgado sem dó, pois assim eles verão um coração em que cada batida foi impelida pela ânsia de mudança, de vitória, de liberdade. Meus irmãos são o que deveriam ser, e isto esta muito distante do que eles podem ser! LIVRES!
Que assim seja! Um brinde a liberdade! - Disse a criança. – Bebemos juntos, mas não do mesmo líquido, isto que tanto inebria nunca adentrará meu ser.
Eu bebo a Liberdade! – Completa o velho rapaz, não tão velho, não tão rapaz.







Como faz tempo que não posto nada aqui, e para não pensarem que parei de produzir, resolvi colocar um de meus textos que estão na pasta: Escritos pessoais sem sentido.
Ok, eu tenho duas personalidades e estou falando sozinho, mas vale alertar: o texto abaixo não é comum...(Vou levar estas suas palavras como um elogio)







Entretanto...
A novidade era ser igual, não havia mais razão em buscar o que os diferenciava, pois no mundo a verdade falhara, tal como animal doméstico que não sabe dar a patinha:
Dá a patinha Susy! E Susy se levanta e diz: Penso, logo não dou a patinha! Pobre dona que sorri e continua sua vida, ignorando sua bela cadelinha, o belo ser que com ela vive, que por incompreensão se torna tão somente um animal desprovido de razão. Razão?
Poupemos-nos de discursos elevados sobre a natureza da “razão”(!?), sobre a natureza do ser, sobre nós! Oras. Eu gostaria de me poupar de mim mesmo! Perdoe-me se lhe ofendi! Seja você língua, pensamento, homem ou filosofia.
Voltemos a novidade, pulemos então a razão para assim prosseguirmos a explanação, afinal, simplesmente tudo se trata de uma única palavra...
Desconexa, nostálgica, rebelde, lembra meu velho professor, sempre a me falar dos livros que leu, das pessoas que não conheceu, dos filhos que perdeu e dos amores que não viveu.
Perdoe-me, não há mal em dizer isso, estou talvez me estendendo demais:
Olha lá em cima, chega de adivinhações, lê! é dela que falo e todas estas palavras foram em vão, tenho a absoluta certeza...deveria ter apenas deixado-a sozinha...Maldade? Talvez,mas me dói a solidão alheia.
Eis o sentido de todas esta verborragia(PS:mistura de tinta vermelha com vômito), isto não passa de minha reposta , que somente consegue assustar minha dona, pobre mulher, só queria a patinha.
Entretanto...